Últimas notícias do lançamento de Alberto Fujimori. Após a audiência da decisão do Tribunal Constitucional (TC) que prevê a libertação do ex-presidente, foram múltiplas reações contra essa decisão que gerou grande decepção entre as mulheres peruanas vítimas de esterilização forçada, um dos crimes contra a humanidade que marca o registro do pai de Keiko Fujimori.
Em uma comunicação recente com a RPP, María Esther Mogollón, porta-voz da Associação Nacional de Mulheres Afetadas pela Esterilização Forçada. Ela disse que essa decisão só pode ser considerada como um ataque a todas as mulheres peruanas que sofreram com esses atos violentos contra elas. Além disso, ele indicou que isso gera indignação e decepção para com as autoridades que tomaram essa decisão, levando em consideração o que isso significa para o país.
O representante mencionou que o ex-presidente Alberto Fujimori, que está prestes a ser libertado, está pendente de um julgamento pelo caso de esterilização forçada que marcou a história do Perú. A associação está coordenando com advogados, peruanos e chilenos, a fim de acelerar a documentação do pedido de extensão da extradição exigido pelas vítimas.
SOBRE PEDRO CASTILLO
Mogollón dedicou alguns minutos ao diálogo com jornalistas para se referir a uma das promessas de campanha feitas por Pedro Castillo, o atual presidente peruano e enfrentando um pedido de vaga. A porta-voz lembrou ao público que, antes de assumir o cargo de presidente, a professora de chotano se comprometeu a apoiar mulheres vítimas de esterilização forçada.
“Enviamos quatro cartas para conhecer e discutir as questões de reparação abrangente, cuidados de saúde física e mental para as vítimas; e, claro, perdão público e uma política de memória e dignidade. Ainda estamos esperando”, disse.
ESTERILIZAÇÃO FORÇADA EM PERU
Entre 1996 e 2000, o governo de Alberto Fujimori implementou uma campanha de controle demográfico no Perú para reduzir os níveis de pobreza no país. A partir desse “projeto”, foi registrado que 272.028 mulheres foram esterilizadas por laqueadura tubária, método cirúrgico irreversível.
Dados oficiais indicam que mais de sete mil dessas mulheres peruanas, a grande maioria camponesas, indígenas e pobres, foram esterilizadas contra sua vontade. Diz-se que eles foram manipulados e enganados sobre o propósito da campanha do presidente. Eles foram levados à força e operados em condições precárias, colocando sua saúde em risco.
Desde que esse crime foi conhecido, as vítimas e suas famílias têm lutado constantemente para exigir justiça pelo que fizeram com elas.
“O agressivo Programa de Planejamento Familiar do governo se concentrou em aumentar o número de esterilizações realizadas em mulheres peruanas, especificamente mulheres indígenas de baixa renda, marginalizadas da sociedade. Além disso, funcionários do governo estabeleceram metas numéricas anuais e metas para programas de esterilização e iniciaram um sistema de cotas a serem obrigatoriamente cumpridas pelos prestadores de cuidados de saúde empregados no Programa, a fim de manter seus empregos, obter compensação monetária ou receber dinheiro promoções de compensação”, menciona o artigo ‘Untold Truths’, publicado pela revista ‘Third World Lay Journal’ do Boston College.
A DECISÃO DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL (TC)
O Tribunal Constitucional informou toda a população que em 17 de março, na sessão plenária, foi votado o processo 02010-2020-PHC/TC, referente ao processo de habeas corpus promovido a favor de Alberto Fujimori contra o presidente do poder judiciário e outros.
“Após a votação descrita e de acordo com o disposto no artigo 10-A do Regulamento do Tribunal Constitucional, que estabelece o voto decisivo do presidente do Tribunal Constitucional nos casos em que há empate na votação, foi proferida a sentença que declara o pedido fundado acima dos votos dos juízes Ferrero Costa, Sardón de Taboada e Blume Fortini”, explica o comunicado do TC.
Foi assim que o processo que concede perdão humanitário ao autor foi declarado bem fundamentado e prevê sua liberdade.
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